CORTINAS E PERSIANAS PARTE 1

Muito além de proteger os ambientes internos do sol intenso e garantir privacidade, cortinas e persianas têm a missão de arrematar a decoração. Não raro são investidos muito dinheiro e talento para dar forma a drapeados, pingentes e passamanarias como uma peça de alta costura.

Em idos tempo palacianos, veludos, jacquards e adamascados estavam sempre presentes numa combinação que envolvia também almofadas e estofados, podendo se estender por paredes, tal qual fossem quadros emoldurados por retalhada boiserie.

A modernidade tratou de limpar paredes e janelas dos adornos clássicos e as cortinas ganharam uma linguagem mais simples, porém não menos elegante. De outro lado, as persianas, que tinham poucas opções e estavam restritas a ambientes comerciais ou de serviços, passaram a oferecer um leque de linhas e acabamentos, com materiais cada vez mais aconchegantes. Assim, vieram a concorrer com as cortinas de tecido nas janelas de casas e apartamentos.

Mas como começar?

Cortinas, assim como tapetes e quadros, são quase os últimos a entrar na casa. Um, porque são frágeis, outro porque necessitam das peças principais para que estejam em harmonia de tons, texturas e conceito.

Existem algumas regras práticas, mas muito se deve a escolhas.

Nas questões práticas a primeira que vale é o sistema de abertura da janela. Uma janela que abre as folhas para dentro necessitará que a cortina ultrapasse seus limites laterais para que funcione bem. Melhor neste caso uma persiana que recolhe toda acima da janela.

Se as aberturas da casa estão voltadas para uma face muito ensolarada, tecidos delicados como a seda devem ser evitados, pois o sol irá encurtar sua vida útil. Um recurso, neste caso, se a vontade prevalecer, é aplicar uma película transparente no vidro que filtre os raios solares. Mas ainda assim, isso é um paliativo. O melhor, neste caso, é utilizar tecidos sintéticos, como o voil ou o linho misto, com mais durabilidade.

Outra questão prática é o uso do ambiente. Quartos e salas de TV requerem vedação maior à luz. Se isto não for eficiente no próprio sistema da janela, a cortina funcionar com um blackout. Há também persianas blackout, que só precisam ser acionadas quando necessário, permitindo uma cortina coadjuvante mais fina, para o dia a dia.

Outra questão é o tamanho. Em geral, se a cortina for sustentada num varão, este tem que permitir que ela cubra toda a janela e ultrapasse um pouco em todos os lados para que a luz seja eficientemente filtrada. Assim, em geral se passa 20cm acima e abaixo e 10cm nas laterais. Há quem prefira levar a cortina até o chão, ainda que seja uma janela (eu me incluo!). Neste caso, ela tem que ficar um ou dois centímetros acima do piso, para correr sem danificar. Mas atenção ao tecido! Muitos podem encolher depois da primeira (ou até mais) lavagem, outros podem ceder com o peso e alongar. Uma boa cortineira sabe identificar as propriedades do tecido. Por segurança, deixar uma boa barra é sempre uma boa opção.

E as persianas? A regra que vale para as cortinas também se aplica às persianas, mas existem algumas outras opções. Uma delas é colocar a persiana dentro do vão da janela, se esta tem um peitoril largo. Outra é prendê-la no teto e descer ultrapassando a janela.

Uma ótima combinação é a dobradinha persiana+ cortina, onde a primeira pode ser mais fina e translúcida enquanto a segunda é de um tecido mais pesado, quase um blackout. Ou vice versa. O importante é que as duas terão funções diferentes e complementares.

Outra dúvida é em relação à forma de fixar as cortinas. Se o pé direito permite, eu prefiro abrir nichos no forro que vão acolher a sustentação das cortinas e persianas, assim não tenho que me preocupar com mais um elemento, o varão! São os cortineiros de gesso. Se isso não é possível, ainda se pode lançar mão de fechamentos verticais, retos, em gesso ou madeira da cor do teto, como os tradicionais bandôs.

Se o varão for inevitável, no entanto, existem no mercado muitas opções e cores, inclusive varões que dispensam argolas e dão um ar mais limpo e moderno à cortina.

E ficar sem cortina alguma, é possível? Sim, mas outros elementos terão que compensar a sua falta para trazer aconchego e privacidade. No primeiro caso, tapetes, almofadas e estofados são a solução. No segundo, é necessário que as janelas tenham persianas que possam ser acionadas quando necessário. Para conter o sol, a película, como já dissemos, resolve. E um último recurso são floreiras e vasos, que protejam a área interna da visão de fora, sobretudo à noite, quando viramos “uma vitrine”.

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Até o próximo post.